POR QUÊ NÃO SE DEVE MEDIR ÓLEOS ESSENCIAIS EM GOTAS?

Por que não se deve medir óleos essenciais em gotas?

À medida que a Aromaterapia e o uso dos óleos essenciais se populariza no Brasil, pipocam na Internet mais e mais fórmulas e “receitas” contendo essas preciosas substâncias. A maior parte dessas fórmulas são seguidas por pessoas que não são profissionais, e que desejam fazer cosméticos ou produtos informalmente, apenas para uso próprio. Essas pessoas geralmente não possuem vidraria de laboratório em casa ou equipamentos de medição e prezam pela praticidade. Assim, fica fácil entender o por quê de muitas quererem saber a quantidade de óleo essencial em “gotas” – afinal, é só abrir a tampa do frasco e contar quantas gotas saem do gotejador!

No entanto, medir a quantidade de óleo essencial em gotas em formulações não é correto conforme veremos neste artigo, por uma série de fatores (diferença de densidade entre os óleos, diferentes aberturas nos gotejadores, maior risco de erro humano, etc.) O correto é que a fórmula informe as quantidades em percentuais e o formulador deve medir o óleo essencial e todos os outros componentes da formulação pelo peso proporcional, ou, no caso de todos os componentes serem líquidos, pode-se utilizar uma medida de volume, como, por exemplo, mililitros. 

Querendo contornar essa “problema” muitas pessoas então se perguntam: “Quantas gotas tem em 1ml ou 1g de óleo essencial?”, para então ter uma taxa de conversão prática. A resposta varia de acordo com a fonte. Uns dizem 20 gotas, outros dizem 25, alguns dizem 40. Na verdade, todas essas respostas são apenas meias verdades. Se você fizer um teste caseiro, utilizando uma proveta graduada de 5ml, verá que cada vez obterá um resultado diferente. 

Isso porque, conforme demonstraremos abaixo, “gotas”, enquanto unidade de medida, simplesmente não é uma ferramenta precisa.

Você pode até buscar “uma média”, mas mesmo essa média estará tão fora da realidade, que será perigoso confiar nela. Alguns óleos são tão fortes (como os de Cravo, Canela, Alecrim, etc.) que há restrições quanto aos percentuais que podem ser empregados – se por um erro de medição você ultrapassar esses limites, você pode acabar criando um produto que cause graves alergias e intoxicações!

Se você faz produtos para presentear outras pessoas ou ainda, para comercializar, então é ainda mais imprescindível que siga a técnica correta, por segurança. Neste post explicaremos por quê deve-se evitar fazer a medição em gotas:
 
(1) TODOS OS COMPONENTES DA FORMULAÇÃO DEVEM SER MEDIDOS USANDO A MESMA UNIDADE DE MEDIDA
Esta é uma das regras básicas de formulação. Padronizar a unidade de medida (gramas, litros, etc.), garante que a proporção correta de cada componente seja utilizada. Não é possível medir pós, cremes, etc. usando gotas como unidade de medida. Além do mais, conforme veremos abaixo, essa não é uma unidade muito confiável. O mais correto é pesar cada componente pois todos podem ser pesados. Em formulações que só levam líquidos cujo volume possa facilmente ser medido, pode-se até utilizar uma medida de volume como mililitros, mas em geral dá-se preferência ao peso.
 
(2) A DENSIDADE DOS ÓLEOS ESSENCIAIS VARIA
Os óleos essenciais são muito diferentes entre si em relação a densidade, tensão superficial, etc. Mesmo um óleo essencial de uma mesma espécie, vindo do mesmo fornecedor, pode ter uma densidade diferente se ele for proveniente de uma colheita diferente. Lembre-se que os óleos essenciais são produzidos pelas plantas em resposta ao meio em que vivem e como esse meio é eternamente mutável, a composição do óleo essencial sempre varia, afetando suas características.
 
Isto, por sua vez, afeta o tamanho e peso da gota, e, consequentemente, a quantidade de óleo essencial presente em uma única gota. Os óleos menos viscosos passam facilmente pelo gotejador em gotas menores e mais leves. Outros, mais viscosos, passam com mais dificuldade e geralmente formam gotas maiores e mais pesadas. Portanto, fazer a medição em gotas não é muito preciso e abre brecha para importantes erros de proporção nas formulações.
 
(3) OS GOTEJADORES TAMBÉM VARIAM
Gotejador
O mecanismo dos gotejadores não é exatamente padrão, embora possa parecer a olho nu. Diferentes fornecedores trabalharão com diferentes gotejadores – alguns com passagem mais estreita do que os outros. Isso também afeta a quantidade de óleo essencial presente em uma gota. Tudo isso sem falar que algumas pessoas utilizam conta-gotas em vez de gotejadores, e aí a diferença pode ser ainda maior.
 
(4) AS GOTAS NÃO CAEM NUM RITMO CONSTANTE
Se você já usou um gotejador já deve ter reparado que às vezes, dependendo da entrada de ar no frasco, as gotas podem cair num ritmo muito lento ou, de repente, começarem a cair uma atrás da outra, num ritmo bem veloz. Essa variação no gotejamento implica uma dificuldade de se obter uma contagem precisa do número de gotas que já caíram. Quando elas caem muito rapidamente, uma atrás da outra, é fácil perder a conta e se enganar. Quando elas caem lentamente, é fácil entediar-se e distrair-se com qualquer outra coisa. Esse erro pode fazer muita diferença no resultado final – você pode colocar um excesso de óleo essencial na sua formulação, aumentando o risco de reações adversas no usuário, ou pode colocar menos óleo essencial do que o necessário, prejudicando a eficácia da sua formulação.
 
(5) ERRO HUMANO
Relacionado ao item anterior, está o maior risco de erro humano quando se faz a medição por gotas em comparação à medição por peso ou até por volume. Você pode facilmente se distrair e errar a contagem das gotas. Esse problema da distração é minimizado quando se recorre a instrumentos medidores como balanças de precisão corretamente calibradas ou uma proveta graduada.
 
(6) DIFICULDADE DE REPLICAR A FORMULAÇÃO
Conforme vimos, gota, enquanto unidade de medida, não é uma ferramenta muito precisa. Isso torna-se um problema quando você quer replicar uma formulação que deu certo. Como não há precisão, não há garantias de que da segunda vez que você fizer o tal creme, você estará usando a mesma quantidade ou proporção de óleo essencial que usou da primeira vez. O resultado é que o creme feito da segunda vez poderá não ter os mesmos efeitos que o que foi feito da primeira vez, o que poderá ser bastante decepcionante e frustrante. Agora, imagina se você está fazendo um creme não para você, mas para algum amigo/a, ou, pior, para um(a) cliente! Não tem como ter um bom controle de qualidade quando não se utiliza uma unidade de medida precisa!
 
(7) TORNA-SE MAIS DIFÍCIL PRODUZIR EM GRANDE ESCALA
Agora vamos imaginar que aquela receita que você encontrou na Internet era tão boa e deu tão certo que você decide produzir o tal creme aos montes, para você, sua família, os amigos e para os clientes que agora conquistou. Ótimo, né!? Mas imagina ter que contar o número de gotas de óleo essencial agora, que a fórmula foi multiplicada por 20 ou 30? Vai dar bem mais trabalho… Além do mais, quanto maior a quantidade, maior a importância e o impacto que qualquer erro de medida terá. 

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Sereno Aromaterapia

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